Ontem comecei a ler uma cópia do mais recente livro, do meu colega de Ônibus Hacker, Leo Foletto.
"A Cultura é Livre" tem prefácio do músico Gilberto Gil e é fruto da pesquisa e experiência do Leonardo que mantém o site Baixa Cultura, e a newsletter de Telegram, Baixa Cultura.
Para mim, é super revigorante ver que o Leo e muitos outros não pararam, que apesar de paracer lá por 2018 que o sonho acabara e que os walled gardens são inevitáveis, estes movimentos são pendulares e aquela força rebelde dos anos 90 e 2000 hoje é ainda super necessária.
Estou fazendo anotações e gostaria de continuar esta conversa em outros posts, aliás o que me motivou a iniciar esta leitura ontem foi ter sido convidado para um painel sobre um tema parecido hoje no evento TDC Connections. Um painel no estande da Luizalabs com o tema "Culturas fechadas, culturas abertas: como a plataforma afeta nossa forma de construir software?".
Fazia um tempo que eu não parava para pensar sobre estes assuntos e formalizar meus pitacos em forma de texto, código ou algo assim.
Nos últimos 2 anos, meus ladrilhos no github estão miseravelmente esparsos por conta de trabalhar em projetos com muito código ainda não publicado, mesmo numa empresa reconhecida por produtos disponibilizados debaixo da GPL (ah, a ironia). O ônibus mesmo não viajou mais desde Março de 2018, apesar de alguns happy hours naquele ano. Outras tentativas de conciliar o trabalho fulltime (por que ainda não quebramos este framework de 40h?) com esforços relacionados à cultura livre, foram em menor volume, incluindo um ensaio de construção de um HackerSpace aqui em São Carlos que não foi para frente.
Neste período eu entrei numa rotina um pouco cínica de trabalhar para entregar valor aos clientes da vida real deixando um pouco da ideologia para depois. "Abrir código somente por abrir, não serve para nada" foi um mantra dolorosíssimo que me ensinei a aceitar.
Não estou lamentando, eu cresci e amadureci muito em outras áreas. Foi uma troca consciente, uma escolha, uma repriorização. A vida numa startup em busca de validação de seus produtos é uma experiencia sensacional, recomendo muito! E ver a validação chegando (com uma aquisição por uma empresa grande e de propósitos bacanas) é bem gratificante.
Mas novamente congratulo o Leo por não ter tirado o pé. Parabéns, jovem!
As recomendações de livros abaixo refletem um pouco este clima de hiato se observarmos as datas de publicação das obras... pelo menos para mim, a linha do tempo pulou de 2009 para 2021 neste tema da cultura, dá para argumentar que obras como Mastering Bitcoin (2014) e The Bitcoin Standard (2018) são relacionadas, mas ainda assim eu estava já sentindo falta destas discussões e este livro pode ser uma boa fagulha.
Este livro em Português vai morar junto com algumas outras recomendações internacionais aqui na biblioteca de casa, sem nenhuma ordem em particular:
- The Public Domain - James Boyle (2008)
- Free Culture - Lawrence Lessig (2004)
- The Cathedral and the Bazaar - Eric S. Raymond (1999)
- Remix - Lawrence Lessig (2008)
- The Future of the Internet and How to Stop It - Jonathan Zittrain (2009)
- The Starfish and the Spider - Ori Brafman (2008)
- The Pirate's Dilemma - Matt Mason (2009)
Continua…
se você gostou deste post e quiser receber novas atualizações deste blog por email, clique aqui