Continuando o post anterior, e continuando a reflexão sobre por onde começar a diminuirmos nossa dependência de tecnologias que tolhem nossas liberdades e atravancam a possibilidade de um futuro com cultura livre.
THE BATTLE OF COPYRIGHT 2011 Christopher Dombres
Um dos argumentos mais populares a favor da inclusão do DRM / EME no Firefox(que após o casamento com Holywood pode vir a se chamar Firewood) é o de que o navegador desde 1995 já possui suporte a plugins externos via NPAPI e extensões XUL que podem acessar nativamente qualquer coisa da sua máquina e rodar qualquer código binário e fechado, fora dos padrões abertos da web, e estes plugins já são usados para fornecer conteúdo nocivo com DRM e muitos acham isso aceitável/normal.
Portanto dar suporte a uma janela para códigos fechados adicional não traria nenhum novo mal que já não existisse no navegador atual.
Nas palavras do CTO (e mentiroso) Andreas Gal no post Mozilla sucks Netflix's cock and will extend the support for DRM in Firefox (título meu):
DRM and the Web are no strangers. Most desktop users have plugins such as Adobe Flash and Microsoft Silverlight installed. Both have contained DRM for many years, and websites traditionally use plugins to play restricted content.
Este argumento pode ser resumido na frase: O que é um peido para quem já está cagado mesmo?
Eu pessoalmente não gosto deste argumento do peido, acho que não é por aí, eu preferiria que nós estivéssemos nos limpando e ensinando os outros como também se limpar ao invés de continuarmos sorrindo e convidando nossos inimigos para organizem um bukkake em nossa sala.
E para quem pretende lutar contra o avanço destas dependências, um bom começo é mapear e identificar a presença delas. É necessário ter consciência do tamanho da bucha, é preciso sofrer na pele o mal que elas causam
Saber que Flash e Silverlight são ruins e continuar usando ambos não vai te fazer escrever um mísero email ou mensagem no fórum para as empresas que escolhem não disponibilizar uma versão do vídeo em um formato aberto, não vai fazer ninguém cancelar a assinatura de nenhum serviço e afetar os empresários e acionistas de qualquer negócio onde de fato incomoda: no bolso, não vai pressionar ninguém a codificar um mísero vídeo em algum codec diferente do H2.64 que, afinal, "funciona em qualquer dispositivo", não vai melhorar o acervo de superproduções nos canais de pirataria (que não ligam para DRM) e nem aumentar a demanda por eles.
E continuar usando plugins (e navegadores com EME) não vai fomentar a produção de conteúdo novo que seja livre das práticas arcaicas e ruins que populam o mercado atual de entretenimento e cultura.
Enquanto deixarmos as configurações padrões dos navegadores e sistemas que usamos e estas configurações padrões esconderem de seus usuários a verdade de que aquele vídeo embutido rodando em plugin de Flash e Silverlight (ou logo mais, também em CDM da Adobe, Microsoft e outros) não precisava ser um video embutido em plugin, estaremos dando mais munição para que amanhã ou depois o mesmo aconteça com livros, jogos, música, e por que não, as próprias páginas inteiras.
O começo desta minha jornada, a primeira resposta à pergunta do post anterior é o título deste, eu preciso cortar o Flash da minha dieta, preciso largar os plugins. Tal qual um fumante largando o cigarro, esta privação pessoal também trás alguns benefícios… para começar: menos propaganda e menos consumo de bateria! Adios CPU 80% sem saber qual aba é a culpada.
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