PS3 da Pandemia - episódio II: a surpresa

Pois bem, passados dois fins de semana desde que eu o anunciei, o meu projeto não chegou no ponto em que eu achei que chegaria, fui otimista demais achando que eu terminaria o domingo passado jogando um videogame.

Pelo menos dois grandes imprevistos contribuíram para este alongamento da jornada, pretendo escrever sobre um deles…

O objetivo desta série é compartilhar parte dos meus aprendizados. Então vou atualizando aqui aos poucos e sem pressa mesmo, tenho outros fins de semana adiante para me entreter, ainda que numa bancada descobrindo um pouco mais sobre eletrônica e não no sofá apostando corrida ou atirando em alguém.

Modelos de PS3

Foram 3 os modelos principais nos nove anos de vida desta geração, de 2006 até 2017: o Fat, o Slim e o Super Slim, porém cada um desses modelos teve várias revisões, os primeiros fats por exemplo possuiam 4 entradas USB, leitor de cartão e compatibilidade com PS2 via hardware (o videogame tinha os chips de PS2 junto com os de PS3). Mas depois o mesmo fat diminuiu a quantidade de portas USB, perdeu os leitores de cartão e a retrocompatibilidade passou a ser via software por algumas revisões antes de ser completamente descontinuada.

Aqui uma lista bem detalhada das características de cada modelo. O código do modelo pode ser encontrado tanto na etiqueta de trás com número de série, quanto na etiqueta de baixo. Este modelo é o código que começa com CECH, o que eu adquiri "no estado em que se encontra" foi do modelo CECHH12.

É um videogame grande, pesado e bonitão, tem a tipografia do Homem Aranha. O hard drive em si é pequeno para os padrões atuais (40 GB apenas) mas apesar do defeito, antes de abrir já deu para ver que algumas peças estavam aproveitáveis: a carcaça, a fonte e o cooler.

Como retirar o disco jogo de um videogame que não liga

Apesar do videogame não permanecer ligado, existe um modo de boot feito para testar o cooler, que liga o videogame com o ventilador no máximo e deixa ele ligado por mais tempo, o que pode ser usado também para retirar um eventual disco que tenha ficado dentro do drive, a maneira de ligar neste modo é segurar o botão de "eject" enquanto liga o botão de energia da parte de trás. Infelizmente não havia nenhum jogo no drive, mas ligar neste boot mode fez bastante vento.

https://youtu.be/x1bsIGMhkcw

Se tudo o mais falhar eu acabo com um peso de papel 2 em 1 que pode refrescar o ambiente em dias de calor.

Aqui uma lista com os diferentes "boot modes" de um PS3.

É possível ler o conteúdo do HD num computador comum?

Outra curiosidade que eu tive antes de abrir o aparelho, foi saber o que existia de conteúdo digital no hd. Infelizmente o disco é encriptado com uma chave que vive na placa, específica de cada console (eid_root_key), então não basta conectar o hd numa entrada SATA, é necessário ter extraído e feito uma cópia desta chave antes para conseguir ler e copiar o conteúdo de um hd de PS3, processo que precisa ser feito a partir do videogame, ou seja, ele teria que pelo menos ligar :(

Hora de abrir

Vários guias e vídeos da internet mostram os passos para desmontar e montar de novo o aparelho, incluindo aquele do post anterior, aqui um guia passo-a-passo com fotos de como abrir o PS3.

Todos os parafusos com excessão do primeiro são acessíveis com uma chave philips normal. Só o primeiro mesmo, aquele que fica sob a etiqueta da garantia é que é um mais incomum, tem forma de estrela de seis pontas, para ele usa-se uma chavinha "torx" com furo de tamanho T10, mas T9 e T8 funcionam também.

Muito bem, arranjei a chave, abri a carcaça com muito cuidado, fiz alguns testes com o multímetro na fonte (está boa), desmontei mais para alcançar a placa finalmente.

Uma inspeção visual inicial na placa me mostrou que eu não havia sido o primeiro ali. Alguém já mexera nos órgãos internos deste paciente. O sinal mais óbvio disso foi a presença de pasta térmica nova nos chips.

E depois de mais alguma fuçada eu notei a falta de alguns componentes também: os famigerados capacitores NEC Tokin não existiam, já haviam sido removidos da placa.

Otimista que sou pensei: "olha que bom, não vou precisar remover estes capacitores caso precise substituir pelos de tântalo".

Mas observando com mais cuidado vi que não só estes dois grandes e problemáticos (que eu substituiria de qualquer forma) foram extraídos, vários outros lugares onde capacitores são esperados numa placa dessas estavam com seus lugares vazios…

Referência da placa que tem no meu modelo de PS3: https://www.psdevwiki.com/ps3/DIA-00x

Veja a foto de como é uma completa:

E o mapa dos removidos circulados:

No detalhe:

Que decepção… a placa já havia sido usada para fornecer peças de reposição, muito provavelmente para outro PS3, dado que estes ítens faltantes são justamente capacitores de tântalo.

Acontece. Foi um ítem de terceira mão afinal, adquirido como sucata, alguém usou dois quebrados para fazer um, espero que a pessoa tenha conseguido isso ao menos :)

Mas do meu lado, o projeto de tentar recuperar este lixo eletrônico complicou um tanto. Ao invés de começar com um aparelho que não funciona e tentar a solução mais comum para videogames deste modelo (substituir dois capacitores NEC Tokin com 6 ou 8 de tântalo) eu estaria partindo de um onde eu teria que soldar pelo menos o dobro disso. Sem muitas garantias de que o problema original era de fato este.

Independente do futuro desta placa, ainda tenho muitos aprendizados que acumulei para o projeto original e uma lista de planos alternativos para este velho brinquedo, o que significa que a saga continua!


Este post faz parte de uma série de postagem sobre a tentativa de reparar (ou encontrar outra utilidade para) um Playstation 3 quebrado, comprado de segunda (ou terceira) mão, como sucata. Os outros posts nesta série são: prelúdioparte I • parte II


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Fabricio Campos Zuardi

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